sexta-feira, 25 de março de 2011

A CASA DE MARIA BONITA

Casa de Maria Bonita, em Malhada da Caiçara - Paulo Afonso/Bahia

Estivemos no Seminário Internacional do Centenário de Maria Bonita, visitando a “Casa de Santinha”, título homônimo, provisório, do mais novo espetáculo do grupo Teatro Total. O Seminário aborda aspectos, vida e curiosidades da mulher que abriu o movimento cangaceiro para a figura feminina: Maria Gomes de Oliveira, a Maria Déa, depois Maria Bonita.
A nova proposta cênica, que deve estreiar em setembro deste ano, se passa no ano de 1931. O Cangaço, liderado por Virgulino Ferreira, vulgo Lampião, impera pelo sertão nordestino. Maria, filha de Zé Felipe e Dona Déa, vive um casamento conturbado com um sapateiro dançarino e boêmio chamado Zé de Neném. Inconformada com o casamento da filha, Dona Déa promete a Virgulino sua filha Maria. Maria se apaixona pelas histórias do Rei do Sertão, contrariando a prima Mariquinha e o marido Zé de Neném. Dona Déa convence Zé Felipe a proporcionar um encontro entre Lampião e Maria.
Ao vê-la, o capitão estremece. E, de Maria Déa, Virgulino a batiza de “Maria Bonita”. A partir deste momento tem início uma das mais conhecidas histórias de amor do sertão, escrita a sangue, fogo e bala. “A Casa de Santinha” é o começo, a origem da mulher que “rompeu as barreiras impeditivas da presença feminina, em um mundo até então povoado por homens”, o Cangaço.
A Casa de Santinha, na Fazenda Malhada da Caiçara, feita de barros com taipa e fasquias de madeira, é o pano de fundo desta trama e também cenário do espetáculo que deverá ser concebido e executado por Joferson Ferreira.
Desde a abertura oficial, na quarta-feira, dia 23, na cidade baiana de Paulo Afonso, passando por Piranhas, em Alagoas e Canindé do São Francisco em Sergipe, estudiosos, amantes e escritores do cangaço de todo o Brasil debateram as mais novas descobertas sobre estes temidos justiceiros que aterrorizaram diversos estados nordestinos, bem como reafirmaram seus pontos de vista sobre a vida e a morte da Rainha do Cangaço.
Grota de Angicos, Poço Redondo/Sergipe

Estivemos em pontos marcantes da história, sobretudo o local de morte de Lampião e Maria Bonita, Angicos, após meia hora de barco pelo fantástico Rio São Francisco, do lado de Alagoas, até a cidade de Poço Redondo, em Sergipe, onde está a grota testemunha do massacre da volante. Conhecemos o local onde as cabeças cortadas foram expostas e o Raso da Catarina, palco de uma batalha entre os cangaceiros e a volante na antiga Glória, hoje Paulo Afonso. Visitamos também a casa do coiteiro Pedro Cândido (foto), responsável por fornecer os últimos víveres para Lampião e acusado de traição, após ser barbaramente torturado pela volante alagoana; fotografamos Neli, filha dos cangaceiros Moreno e Lurdinha e durante todo esse tempo, acompanhamos os amigos Manoel Severo (Cariri Cangaço), João de Souza Lima (Escritor) e Kiko Monteiro (Lampião Aceso), pesquisadores do movimento e promotores de eventos importantes sobre o tema.
“A Casa de Santinha” promete ser um drama derradeiro, que marcará e finalizará o ciclo de espetáculos cangaceiros sobre a história de Maria Bonita, antes de entrar para o movimento. 

quinta-feira, 10 de março de 2011

ARTE DE NEGOCIAR




PAI - Escolhi uma ótima moça para você casar. 
FILHO - Mas, pai, eu prefiro escolher a minha mulher.
PAI - Meu filho, ela é filha do Bill Gates...
FILHO - Bem, neste caso, eu aceito. 

            Então, o pai negociador vai encontrar o Bill Gates. 
PAI - Bill, eu tenho o marido para a sua filha!
BILL GATES - Mas a minha filha é muito jovem para casar!
PAI - Mas este jovem é vice-presidente do Banco Mundial... 
BILL GATES - Neste caso, tudo bem. 
            
Finalmente, o pai negociador vai ao Presidente do Banco Mundial. 

PAI - Sr. Presidente, eu tenho um jovem recomendado para ser vice-presidente do Banco Mundial. PRES. BANCO MUNDIAL - Mas eu já tenho muitos vice-presidentes, mais do que o necessário.
PAI - Mas, Sr., este jovem é genro do Bill Gates.
PRES. BANCO MUNDIAL - Neste caso ele pode começar amanhã mesmo! 
Moral da estória: 

Não existe negociação perdida. 
Tudo depende da estratégia. 


Se um dia disserem que seu trabalho não é o de um profissional,  lembre-se: 
a Arca de Noé foi construída por amadores; 
profissionais construíram o Titanic.
 

sexta-feira, 4 de março de 2011

Patrícia e "Mô", gourmet

Mulher Chorando, Pablo Picasso

A lua cheia brilhava no céu. O carro parou perto da praia. O vento brando trazia a maresia das ondas e o barulho da água arrebentando nos rochedos. O jovem estudante de veterinária não quis perder tempo. Abriu a porta e tirou a calça. Patrícia não saiu do veículo.
                - Que houve? Você não vem? Vamos fazer amor nas pedras! – Curvou o rosto na direção da janela com todos os dentes à mostra.
                - Não estou a fim.
                - Como assim? Você é tão espontânea. Está acontecendo alguma coisa? – Dobrou os braços sob a porta e encostou o queixo.
                - Preciso ser sincera com você. – O coração deu um salto.
                - Nós sempre fomos sinceros um com o outro. É só um lance entre nós, não é?
                - É.
                - Então? Não estou entendendo você. Não quer mais sair comigo?
                Ela ficou em silêncio. Soltou um sorriso com medo.
                - É isso? Fala! Você está me deixando nervoso. – Expressou entre dentes e com mau humor. Pat estranhou. Não sabia que ele se irritava com facilidade.
                - Tenho que confessar uma coisa. – Respirou pelo nariz, mas não soltou o ar pela boca. Não podia mais mudar de assunto. Quer dizer, se quisesse, podia. Uma situação complicada exigia saídas criativas. E Pat sabia fazer isso muito bem com “Mô”, um cara completamente previsível. Pelo menos é o que imaginava até aquela noite.
                Ele vestiu novamente a calça, abriu a porta e sentou no banco do motorista.
                - Estou ouvindo. – Mostrou irritação.
                - Nunca houve cobranças entre nós. Só que ultimamente você tem sido mais carinhoso que o normal. E eu não me sinto bem agindo assim. – Ela não estava mentindo.
                - Que parar de enrolar, droga! Fala logo de uma vez! – Gritou. Patrícia afastou-se receiosa – Desculpe! – Lamentou.
                Ela fitou o rosto dele. Inspirou novamente, criou coragem e prosseguiu:
                - Outro dia você me perguntou por que eu sempre te chamo de “Mô” e não pelo nome.
                - Eu lembro. E daí?
                - E daí que “Mô” para mim, não significa “amor”.
                - Não? – Espantou-se. – E significa o quê?
                - Motorista. – Revelou em voz alta, balançando a cabeça.
                “Mô” explodiu em gargalhadas durante uns quarenta segundos. Patrícia riu também.
Sem que ela pudesse esperar, ele parou de sorrir como um “stop” de DVD player, vociferou um palavrão e deu uma cotovelada no rosto dela. O impacto partiu na hora o supercílio. Em seguida, ainda agredindo-a verbalmente, empurrou-a violentamente para fora do carro. Deu partida e por pouco não a atropelou.
Sangrando e chorando muito, ela retirou o celular do bolso de trás da calça e bastante trêmula discou 1-9-0.
- Polícia Militar, boa noite. – Respondeu a voz feminina do outro lado.
- Alô... eu... queria falar com... o tenente... Paulo! – Balbuciou.
- Quem gostaria?
- A filha dele.   
(Trecho do romance "NABOA", ainda no prelo de minha autoria.)

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