sexta-feira, 12 de agosto de 2011

POEMA SEM POESIA


O grande poeta Fernando Pessoa imortalizou um verso que acusa o poeta de ser um fingidor. “Finge tão completamente que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente.” Talvez, esse não seja um dom somente dos poetas, mas, de todos os artistas. Sobretudo, os artistas de Teatro.

Entretanto, hoje não vou escrever sobre Teatro. Vou falar de poesia. O título desta coluna remete a um poema de Nivaldo Melo, escrito em abril de 2002. Não conheço Nivaldo, mas, fui apresentado a ele através de seus versos pelo meu amigo e irmão, José Teles. Um ávido leitor e colaborador deste jornal, entusiasta da cultura e apreciador da boa literatura.

Pois bem, Nivaldo Melo é um desses poetas que cativa a gente pela simplicidade de seus versos que falam diretamente ao coração. É um homem que “fala com Deus” e sente-se pequeno diante da tragédia humana ao ter uma “visão estarrecida” do nosso querido planeta onde “tombam seres providos de alegria, num contra-senso, em volúpia fria, neste desprezo aos ideais mais puros!”

O poeta percorre pela infância, lembra do sertão e seu povo sofrido “em notado afano”. Como ele mesmo diz:
“Vê-se euclidiano
Um timbre espartano...
- Zabelê zanzando,
Perdiz no seu passo
Em lento compasso,
De modo tão lasso,
Piando... piando.”
Descreve com sutileza os gestos da mulher virtuosa e ressalta a sua beleza “de claro fulgor, em franca harmonia ao leve frescor dos dias amenos”. Ensina-nos, com sua poesia a “lição do perdão”, nos mostra o retrato da “mendicância” e, abstrato, titula alguns de seus poemas de “Mesmo Assim”, “Depois” e “Reflexão” afirmando, sem meias palavras que:
“Tudo hoje é antítese do que quero
Se apenas só tenho o que verbero
Num íntimo pesar do inconformismo”.

Pois é, Nivaldo, a “poesia é hoje a álgebra superior da metáfora”, já dizia José Ortega y Gasset. Se há poema sem poesia, certamente – e você há de concordar comigo - não haverá poesia sem um poema. Mesmo que falemos com as estrelas e reconheça Deus como nosso Criador. Obrigado, Teles, por ter me apresentado Nivaldo Melo. É bom saber – e isto é o poeta quem diz - que:
“Neste sofrimento a dor desafia
O sono plácido de quem escala
Guapos escalões do poder que exala
As leis que tornam-se já esmaecidas!...
Saudosos risos em ternos impulsos
São lembranças de benfazeja esfera
Quando malgrado vai crescendo a fera
Em cada canto a cruciar as vidas”.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O Conflito Dramático


O Teatro é um conflito. O elemento básico, essencial a ação dramática, na qual se desenvolve em função da oposição e luta entre diferentes forças. Ator e personagem se estranham, mas, ao mesmo tempo se encontram, se completam. O conflito é determinante. Ele aponta a direção, estabelece o diálogo e permite que a ação teatral ocorra até atingir o clímax.
Há que se afirmar que o “conflito dramático é a marca da ação e das forças opostas do drama”, acentua Olga Reverbel. E acrescenta: “Há conflito toda vez que duas ou várias personagens tem atitudes, ideias ou visão do mundo opostas: amor/ódio, opressor/oprimido etc”.
Segundo Patrice Pavis, de acordo com a teoria clássica do teatro dramático, a finalidade do teatro consiste na apresentação das ações humanas, em acompanhar a evolução de uma crise, a emergênciae a resolução de conflitos. O conflito tornou-se a marca registrada do teatro. Entretanto, isto só se justifica para uma dramaturgia da ação (ação fechada). Outras formas (a épica,por exemplo) ou outros teatros (asiáticos) não se caracterizam pela presença nem do conflito, nem da ação.
Há conflito – acrescenta Pavis – quando um sujeito (qualquer que seja sua natureza exata), ao perseguir certo objeto (amor, poder, ideal) é “enfrentado” em sua empreitada por outro sujeito (uma personagem, um obstáculo psicológico ou moral). Esta oposição se traduz então por um combate individual ou “filosófico”; sua saída pode ser cômica e reconciliadora, ou trágica, quando nenhuma das partes presentes pode ceder sem se desconsiderar.
Hegel relata que “a ação dramática não se limita à realização calma e simples de um fim determinado; ao contrário, ela se desenrola num ambiente feito de conflitos e colisões e é alvo de circunstâncias, paixões, caracteres que a ela se contrapõem ou se opõem. Tais conflitos e colisões geram, por sua vez, ações e reações que tornam, em dado momento, necessário seu apaziguamento”.
Na maioria das vezes, o conflito é contido e é mostrado ao longo da ação, constituindo-se em seu ponto alto (o clímax). Mas o conflito pode ter sido produzido antes do início da peça: a ação é apenas a demonstração analítica do passado. Se a personagem espera o momento final da peça para conhecer o segredo da ação – alerta Pavis, o espectador conhece de antemão a saída para ela.

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