quarta-feira, 20 de novembro de 2013

terça-feira, 12 de novembro de 2013

BATE-PAPO COM LEITORES


Escola São Francisco de Assis/Ilhéus


 Alunos da Escola Criativa/Ilhéus





Mural de leitores fiéis na Escola Criativa coordenado pela professora Klaudia Malta

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

ENCONTRO COM ESCRITORES NA TENDA


Neila Brasil, Joilson Maia, Silvia Kimo e eu no Encontro com Escritores, realizado pela Tenda do Teatro Popular de Ilhéus, no último dia 31 de outubro. Foi um debate bacana discutindo sobre a literatura infantojuvenil regional e o contexto escolar.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

OBRIGADO, CASTELO NOVO!

História em quadrinhos que os adolescentes fizeram sobre mim

O dia em que todos os jovens descobrirem que a leitura engrandece a alma, abre portas e apresenta o conhecimento, não teremos mais problemas com drogas, violência e preconceito. Acredito que os professores do distrito de Castelo Novo, (distante 25km do centro de Ilhéus) sobretudo a educadora Rita, pensa assim. O programa de incentivo a leitura e valorização do autor regional é sempre um trabalho de conclusão das atividades letivas naquele lugar. Pela segunda vez sou o autor escolhido para mostrar aos jovens que ler é sempre uma viagem, uma aventura ao conhecimento, uma janela para alma.
Os meninos e as meninas, do sexto ao nono ano, criam paródias, escrevem poemas e músicas, fazem teatro e até dançam retratando as obras que eles leram durante todo o semestre. Ficam ainda mais encantados quando descobrem que em O Tesouro Perdido das Terras do Sem Fim parte da trama se passa em Castelo Novo, na fazenda Almada. Explico-lhes que a beleza do lugar está tão perto de nós que passamos despercebidos. A estrada, o rio, a colina, a velha usina, o cemitério, a fazenda, a antiga estação e até mesmo o velho casario tem sua beleza.



 Professora Rita











Rita consegue fazer os olhos daqueles jovens e adolescentes brilharem. Ela aponta caminhos, emociona, produz, dirige e atua no cenário educacional como um sacerdócio. Carregou a escola nas costas quando todos os professores saíram. Não queria que o estabelecimento fechasse e que os sonhos daqueles jovens fossem enterrados. São educadoras como Rita que nos estimulam a acreditar num País leitor.
“Para a alma valer a pena nós devemos abrir a nossa alma para a leitura, para nossa alma ficar maior,” escreve Catilene, uma jovem de 14 anos, determinada, extrovertida e comprometida com o que acredita. Assim como ela, Bianca, Daniel, Ingrid, Samuel, Ana Kariza, Naila, Ailson, Cleiton, Vinicius, Milena (que ao lado de João Batista e Larissa Melo criaram uma história em quadrinhos sobre meu trabalho), Elivana, Mariane, Nátila, Viviane, Marília, Fabrini, Alan, Thaís, Brenda, Daniela, Jeciane, Caline, Gleice Kelly, Vanessa, Ariana, Maiana, Tainara, Cauana e Emerson estão firmes, apesar da comunidade faltar energia dia sim, dia não e água (que abastece Itabuna) estar ausente também nas torneiras acompanhando a energia.
É claro que Rita, sozinha, não conseguiria envolver até mesmo a comunidade. Ela contou com Valéria (diretora), Aline (supervisora), Marta, Adriana, professoras, as quituteiras de Castelo, os pais dos alunos e muitos outros.
Castelo Novo é logo ali. É terra de povo hospitaleiro, rio bonito, gente abençoada e uma juventude que vê na leitura um caminho para a construção de seu futuro. Parabéns!

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

ISAQUE


Isaque estava na fase final. Do nariz escorria um sangue pastoso e a pele estava marcada com pústulas. Uma dor súbita atingiu-lhe o estômago. Ele gritou. Jacó se aproximou, pronto para ampará-lo, como fazia quando criança. Isaque estendeu uma das mãos, não permitiu que ele se aproximasse. Mas, Isaque era seu filho, seu único filho. O filho que Deus lhe dera na velhice, o filho que Deus agora requeria. Assim como Abraão, ele teria que sacrificá-lo. Não havia escolha, não havia outra saída. Jacó estendeu a arma mais uma vez, apontou para a cabeça do filho. Os poucos raios de sol que ousavam penetrar pelas frestas das tábuas, tentavam timidamente iluminar aquele pequeno ambiente. As pernas de Jacó fraquejaram. Ele tentou inutilmente manter-se de pé. Porém, a gravidade o puxava. As mãos mal podiam segurar a arma. As lágrimas embaçavam os olhos.
Jacó, como Abraão, julgava que Deus era poderoso assaz para até dos mortos ressuscitarem Isaque. Apesar da fé, a dúvida o assolava. A dúvida, que se transformava nos segundos que o separavam de uma fatídica decisão. “Como posso matar meu próprio filho! Isso não é justo!” Vociferou. Estava sendo provado. Não sabia se era uma afirmação ou uma pergunta. Seu unigênito era agora oferecido. Tentou lembrar-se das promessas que um dia Deus lhe fizera. Não conseguiu. Recobrou-se. Viu a imagem de Isaque, ajoelhado, clamando pelo fim. Se Deus enviou seu anjo e impediu Abraão de sacrificar o filho, faria o mesmo com seu Isaque, prestes a morrer pelas suas mãos.
“Meu filho traz consigo Abadom”. Meditou. E ele não se referia unicamente ao vírus. Mas àquele predito no Livro da Revelação, após a quinta trombeta do anjo onde o profeta dizia ter visto uma estrela que do céu caíra sobre a terra; e foi-lhe dada à chave do poço do abismo. E abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço, como fumaça de uma grande fornalha; e com a fumaça do poço escureceram-se o sol e o ar. Da fumaça saíram gafanhotos sobre a terra; e foi-lhes dado poder, como o que têm os escorpiões da terra. Foi-lhes dito que não fizessem dano à erva da terra, nem a verdura alguma, nem a árvore alguma, mas somente aos homens que não têm na fronte o selo de Deus. Jacó estava falando de Satanás.
Ele cerrou os olhos. E como numa tela de cinema, viu a infância inteirinha de Isaque sobrevoar Telaviv; viu ainda sua adolescência, a mudança para Jerusalém, o atentado que o deixou surdo do ouvido esquerdo, a morte de sua mulher. E mais uma vez foi invadido por uma indagação que comprimiu seu coração até faltar-lhe o ar: Porque deveria ser ele o carrasco de sua própria descendência? A pergunta surgiu como um sinal de perda. Uma falta, indubitável, de fé. Pediu misericórdia. Abriu os olhos. Isaque, de braços estendidos, balbuciando uma prece, estremeceu. Pai e filho se entreolharam por uma fração de segundos. Nos olhos de Isaque o desenho inexprimível de um adeus; nos olhos de Jacó, um pedido lânguido de perdão. O silêncio daquele abrigo foi entrecortado pelo disparo que ecoou de uma ponta a outra do bairro antigo de Jaffa.


(Trecho de um romance que eu nunca terminei sob o título de “Isaque.”)

domingo, 2 de junho de 2013

CARTA DE UMA LEITORA DE ILHÉUS


Cara Fabrini,

Que bom que você gostou de ler "O Caminho de Volta". Ao afirmar que quando começa a ler o livro imagina que os gansos estão ao seu lado isso me faz crer que você se envolveu de corpo e alma na trama. E esse foi meu objetivo ao escrevê-lo. Quero muito ver o telejornal. Já combinei com sua professora que farei uma visita à vocês no mês de julho. Só estamos amarrando as datas. 

Quanto à minha inspiração, ela parte das pessoas que estão mais próximas de mim ou até mesmo das pequenas coisas que nos ocorrem no dia-a-dia. Muitas vezes não damos valor "as pequenas coisas", como um "bom dia" a um amigo, por exemplo. Eu valorizo muito isso. Uma outra coisa que gosto de fazer muito é batizar os personagens com nomes de pessoas que eu conheço ou que são do meu círculo familiar, como a gansa "Vivi". Este apelido é da minha esposa Viviane. E a personagem foi inspirada nela. Juninho foi baseado no meu sobrinho, Patrick e assim por diante. Inclusive ele é personagem de um livro inédito chamado "O Menino que sonhava com dragões," também de minha autoria.
Até o nosso encontro.

Um abraço,

Pawlo Cidade

NOTA: A professora Rita, da Escola Nucleada de Castelo Novo, distrito localizado a 25km de Ilhéus, adotou "O Caminho de Volta". Recebi dezenas de cartas iguais a esta, falando sobre o livro. Responderei à todas elas, pessoalmente.

sábado, 1 de junho de 2013

DO LIVRO INÉDITO "PÉROLAS AOS PORCOS"



BOOMERANG
  
Os inimigos dormem em camas de vidro.
Quando eles jogam pedras no seu telhado,
Repousam como se os seus aposentos
Não fossem se despedaçar.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

O CAMINHO DE VOLTA



O maior prazer do escritor não é publicar um livro. Sua maior satisfação é saber se o seu livro é lido. Melhor ainda é ter retorno sobre o que você escreveu. E foi isso que fizeram os estudantes da rede pública de ensino da Escola Nucleada de Castelo Novo. Orientados pela professora Rita Aparecida, eles voaram junto comigo para fugir de um rigoroso inverno canadense, em busca de abrigo e alimento. O inverno frio, com contínuas tempestades de neve os forçava a emigrar. Claro que não estou falando dos estudantes da Rua Napoleão Loureano, do distrito de Castelo Novo, (que também já foi cenário de um dos meus livros: “O Tesouro Perdido das Terras do Sem Fim”), mas, dos gansos Ivan, Vivi, Coró, Tárcia, Cláudio, Osmar, Juninho e Gambão personagens do livro “O Caminho de Volta”, adotado pela professora.
Recebi de Rita uma dezena de cartas me convidando para visitá-los. “Será de grande honra para mim e meus colegas”, diz Fabrini Gomes, uma das alunas; “Li o livro O Caminho de Volta e gostaria de conhecê-lo”, escreve Alan de Jesus; “Eu entendi que ninguém dava nada por Ivan mas ele conseguiu provar que não precisa ser forte fisicamente para conseguir algo e sim nós devemos ter força de vontade, coragem para conseguirmos atingir os nossos objetivos,” explica Thaís de Oliveira em outro carta; “Eu aprendi muitas coisas importantes lendo seu livro, eu aprendi que para ser herói não precisa ter força e sim inteligência e caráter,” declara Brenda Cruz; “Gostei da sua criatividade em inventar cada personagem com sua fala e seu jeito de ser, e de pensar especial é muito forte que até podemos sentir que estamos dentro do livro,” disse Daniela Leal em um trecho de uma outra carta.


E assim fui lendo, e li mais de uma vez, todas as cartas. Vou responder cada uma delas, sobretudo o grande número de perguntas que cada um fez: “O senhor estudou em escola pública?” “Tem alguma pessoa na sua família que é um herói ou heroína?” “O senhor pediu ajuda a alguém para escrever o livro?” “Você se inspirou em alguém para criar os personagens?” Jeciane Oliveira disse que iria fazer um milhão de perguntas quando eu fosse visitar a escola. Eles estão preparando um trabalho sobre o livro. Quer dizer, sobre os livros, porque também estão lendo “As Aventuras de João e Maria”, uma releitura que eu criei sobre o clássico dos Irmãos Grimm.


Rita, você não é uma professora. É uma educadora. Sinto-me privilegiado por ter sido o autor escolhido por você para despertar a leitura num mundo onde o facebook, o twitter e o quase finado Orkut conseguem atrair milhares de jovens. Fico emocionado, feliz, eufórico, querendo gritar, pular, dançar por saber que existem pessoas como você que se preocupam com o futuro de seus alunos. Sobretudo aqueles que moram em nossos distritos. Obrigado por escolher um autor regional, com histórias que vão muito além da territorialização, para mostrar aos leitores, sobretudo os meus de Castelo Novo, da Rua Napoleão Laureano, da Rua Nossa Senhora da Conceição, que podemos ir longe, muito longe, apenas lendo. Obrigado, Tainara Batista, Maiana Dias, Ariana Oliveira, Vanessa Ferreira, Gleice Kelly, Caline Batista, Jeciane Oliveira, Daniela Leal, Brenda Cruz, Thaís de Oliveira, Alan de Jesus, Fabrini Gomes por terem compartilhado comigo a alegria da escrita, o caminho da aventura e a saída para a liberdade.
Ler é uma viagem. Até a próxima aventura.

Matéria a ser publicada no Diário de Ilhéus, na coluna Coxia. Ilustrações de Bruno Santana para o livro "O Caminho de Volta" , editado pela Via Litterarum Editora, 2010.

TIRINHAS

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